sábado, 27 de agosto de 2011

INSÔNIA

"Uma inquietude, que não me é peculiar, tira-me o sono. Talvez o dia cheio de preocupações seja a causa,.. ou... talvez porque a dimensão do meu sonho não caiba em minha realidade... O fato é que me reviro na cama, sem saber como acomodar braços e pernas, parece-me sentir separarem-se alma e corpo, insatisfeitos, cansados!
Busco na escuridão um rosto... imagens do passado! ...Uma grande irritação me consome... uma angústia... Quero apenas dormir, mas me levanto e escrevo..."


Quem ainda não passou noites acordado, rolando na cama, até rezando para conseguir dormir?
Quem não sentiu o efeito dessas noites no dia seguinte, tendo que cumprir com seus compromissos?
Insónia é um mal que acomete uma infinidade de pessoas nos dias atuais e precisa ser tratada. O estresse da vida moderna, o excesso de atividades, a perda de um ente querido, algumas doenças como diabetes, hipertensão, obesidade, apneia  do sono, síndrome das pernas inquietas, tosse noturna, depressão, e uma infinidade de outros fatores, fatalmente causam a insónia.


O que fazer?
Durante muitos anos sofri de insónia, foi necessário procurar um médico. Encontrei, para minha sorte, uma profissional séria, que além do tratamento com medicamentos, ensinou-me algumas dicas para dormir bem. Espero que possam também ajudá-los. São muito simples:
- evite atividades intensas três a quatro horas antes de dormir;
- se não conseguir dormir nos primeiros trinta minutos, levante-se. leia, escreva, assista TV, ouça música suave...
- só volte para a cama quando sentir sonolência, deite-se e procure relaxar. Aprendi, com minha professora de Yoga, uma técnica que consiste em tentar desfazer todos os pensamentos ruins, procurando pensar
unicamente num ponto imaginário, situado entre as sobrancelhas, tente esvaziar  a mente (dá certo);
- pode parecer crendice, mas um copo de leite quentinho, também ajuda. O leite contém substâncias que acalmam, mas o mais importante é a sensação de aconchego que trás a caneca quentinha entre as mãos, fazendo lembrar a infância , o lar,  um tempo feliz;
- programe um horário para acordar pela manhã, todos os dias e deixe que bastante luz penetre em seus olhos ao abri-los, isto vai ajudar a ajustar seu relógio biológico;
- lembre-se que nem todos precisam de oito horas de sono, há um provérbio que diz, mais ou menos assim:

''O homem sábio  divide seu tempo em: seis horas para Deus, seis horas para o trabalho, seis horas para o lazer e seis horas para descansar." 




terça-feira, 23 de agosto de 2011

Gostinho de Infância

Ah! A casa da vovó Julieta!
Casa simples, em Olinda, Distrito de Nilópolis, onde nasci e passei bons momentos da minha infância.
Era de "fundos", havia um portão na entrada, ao lado dele um banco de madeira, onde à tarde nos sentávamos para "ver o movimento da avenida".  Lembro-me bem das procissões nos dias santos e dos dias de Carnaval, quando passavam os blocos "de sujos", (  mascarados, homens vestidos de mulher, diabinhos, morcegos, etc),        Eu morria de medo dos diabinhos e dos morcegos! Naquele tempo, a Beija-Flor de Nilópolis era apenas um bloco carnavalesco, mas já nos encantava.


                     




Para chegar à casa tínhamos de passar por um corredor, ladeado por uma cerca e um muro alto. Eu tinha um pavor enorme de passar ali à noite, no escuro, parecia-me interminável, cheio de fantasmas. Ia correndo, cantando alto para espantar o medo, era como se houvesse algo atrás de mim, a me empurrar para frente. Pior era quando a vovó nos fazia varre-lo. Nunca mais acabava aquela varreção.
                               

Vovó Julieta tinha um jardim lindo, com flores que hoje em dia quase não são vistas: jasmins, maravilhas, saudades, cristas de galo, bouquet de noiva , rosas Terezinha, Jacintos, uma florzinha azul da qual não lembro o nome (era a que eu mais gostava),  mas ela  trazia o  jardim sempre vigiado, porque nós adorávamos colher suas flores para brincar ( hoje meus netos colhem minhas flores, mas eu não me zango com eles porque me lembro que também fui criança)  Ela também tinha o hábito de colocar, ali entre as plantas, docinhos para Cosme e Damião... e nós esperávamos que ela entrasse e ...Ah! Que docinhos deliciosos! Mas não comíamos tudo, não! Deixávamos alguns para os santinhos.

Uma delícia também eram: o picolé de groselha que íamos chupando até ficar só o gelinho no palito,  a bisnaga fresquinha com manteiga no café da tarde (que eu ia buscar lá da padaria do seu Aníbal), o pirolito  em forma de chupetinha,  o quebra-queixo,  a cocada de fitas, o amendoim torradinho, as compotas da vovó, a broa de milho... Hummm! Quando a gente é criança tudo é mais gostoso, tudo tem um sabor diferente, tem gostinho de infância!

Havia um toquinho de madeira segurando a porta da cozinha,  nele o Licininho (primo) sentava-se para comer os docinhos da vovó. Ela lhe perguntava, quando ele acabava: -" Chegou, Licininho?" Ao que ele respondia: - "Cheguei".  Ela  chorava de tanto rir, aliás vovó ria-se de tudo, mas zangava-se também com nossas  artes. Vovó era uma criança!


Eu e o Licininho nos dávamos muito bem, nunca brigávamos, estávamos sempre juntos nas traquinagens, mas tia Nita não dava muita folga para ele, era o caçula e ela estava sempre com medo que se machucasse ou pegasse  um resfriado. Amava muito também meu primo Élcio, era mais velho que nós, mas brincava conosco e era muito alegre e divertido, Nós o perdemos muito cedo. Só pode ter ido para o Céu!

Gostava de ouvir as novelas  da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, mas elas começavam às seis horas da tarde, hora da Ave Maria, com Júlio Lousada, que  vovó não perdia por nada deste mundo.  Então eu ia para a casa do tio António e da tia Amélia, sentava-me quietinha e ficava ouvindo junto com os dois velhinhos as aventuras do Anjo e Jerônimo o Herói do Sertão.
Eu devia ter nessa época uns seis ou sete anos.
Tia Amélia era uma figura.  Era alta,  meio gordinha, muito mansa, simpática, dava-me um copo de suco, às vezes uma carambola, bolachas...
Tio Antônio era inteligente, acho que era professor aposentado, conversava comigo como se eu fosse um adulto, e eu ficava orgulhosa com isso.
Eu gostava muito daqueles dois!


Fui crescendo, tornei-me adolescente... lembro-me de uma vez  em que fiquei  com a vovó, sem meus pais, só naqueles dias é que descobri o quanto ela era linda, sensível, carinhosa, longe da imagem de velhinha rabugenta que ficou da infância, quando ficava brava com as nossas traquinagens.
Foi em Olinda  também que reencontrei meu companheirinho de infância, que se tornou o meu primeiro namorado...O meu primeiro amor...!
A vida, no entanto,  separou nossos caminhos!
Quando somos muito jovens não sabemos reconhecer o amor... não reconhecemos um sentimento verdadeiro... "Eu era muito jovem para saber amar"



Não voltei mais à casa da vovó depois que ela se foi!
A nossa Olinda é hoje uma  doce lembrança em minha memória. Um dia ainda voltarei!

domingo, 21 de agosto de 2011

MUNDO MÁGICO

Às vezes, ao escrever meus artigos, tenho receio de parecer piegas, "careta", etc, mas nestes dias em que ninguém tem tempo para nada, em que o corre-corre da vida moderna nos  absorve, desorienta e aliena, que palavras escolher para satisfazer a quase compulsão que tenho de escrever?
                   

           Ainda que pareça tola

           quero rir à toa.
           Rir dos meus "tropeço".
           dos meus recomeços...
                            Sid

Eu então lhes falo de Felicidade, de Alegrias, de Amor...Quando a gente ama corre o risco de parecer um pouco ridículo. Quem ainda não se sentiu assim? 
Quero me refugiar nestas páginas, neste mundo mágico onde reencontro a minha alma de criança. (Só as crianças são realmente felizes, elas sabem o que querem)


Escrever preenche lacunas dentro de mim. Busco palavras que deixem brotar do meu íntimo o imenso carinho que preciso transmitir. É tão difícil, parece que tudo já foi dito, que a imensidão do mundo das letras está totalmente explorada!  Que posso dizer com meu simples vocabulário, acostumada  que estou a falar às crianças pequenas? Apenas começo a engatinhar neste mundo encantado, mas quem sabe alguém, ao ler estas páginas, encontre nelas também o seu refúgio?




     

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

AMAR SEM ILUSÕES

 Costumamos dizer em nossa cultura, que as pessoas quando se apaixonam "ficam cegas", isto porque
buscamos na pessoa amada a projeção da nossa alma, ela representa um ser perfeito, quase divino, e empreendemos grandes esforços para que esta imagem de perfeição não  se desvaneça. Percebemos, às vezes até por instinto, suas falhas, mas tentamos atenuá-las, desculpá-las e acreditamos, em nosso intimo, que o amor que sentimos será capaz de transformá-la. Quanto engano!


Depositamos neste Semi-Deus todas as expectativas, esperanças e sonhos, esperando dele o que realmente ele não pode, ou até não pretende nos oferecer. Este é o erro mais comum entre os apaixonados. Colocamos nossa  felicidade nas mãos de outra pessoa, mas a felicidade está dentro de cada um de nós, em nossa capacidade de amar e respeitar, principalmente a nossa individualidade. Cegos pela paixão deixamos de vivenciar todas as nossas potencialidades e forças, deixamos de buscar e realizar todos os sonhos e ideais de vida, e quando as ilusões se desvanecem, culpamos o outro por nossas frustrações.


"Eu me julgava rico de uma flor sem igual, e é apenas uma rosa comum que eu possuo... isso não faz de mim um príncipe muito grande..." E deitado na relva ele chorou.
                                                             Antoine de Saint-Exupéry em O  Pequeno Príncipe

Não nos ocorre que podemos e devemos nos amar como pessoas comuns, seres humanos mortais e imperfeitos, que se permitam deixar que essas imagens de perfeição se desvaneçam. Isso torna um relacionamento duradouro, entre seres que se amam sem esperar coisas impossíveis do outro. Pessoas que se amam sem ilusões!


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