Nasci no final da década de 40.
Assusto-me com a brutal diferença entre os conceitos e costumes que eram adquiridos em minha época e os que existem agora!
A televisão tem apenas 50 anos, eu já era adolescente quando papai comprou o nosso primeiro televisor, em preto e branco.
No início havia na programação, alguma preocupação com o telespectador, que se baseava no respeito e na ética social.
Hoje
observamos que depois de todos os avanços tecnológicos alcançados, a
TV nos apresenta uma triste realidade, com total exploração do
sensacionalismo, uma verdadeira vitrine de ofertas comerciais e a
vergonhosa manipulação das massas.
Nossa juventude
apesar de alegre e despreocupada, possuía um sentimento profundo de amor
pelo nosso país. Tínhamos ideais, aspirações, fazíamos planos para o
futuro...
Foram os jovens da minha geração que saíram as ruas
clamando por liberdade, por democracia, embora tenham caído no grande
engodo que foi o marxismo.
Hoje vejo a maioria de nossos jovens sem objetivos, abandonados à própria sorte, sem rumo, violentos, drogados...
Até as coisas mais simples do cotidiano trazem saudades.
Não
tínhamos fogão a gás e nem geladeira. Mas o calorzinho do fogão de
lenha era aconchegante nas noites de inverno,... Ah! os "
causos", contados ao seu redor...!!
A carne guardada em grandes caldeirões, imersa na gordura de porco, era divina!
A
manteiga, conservada em água e sal, parecia mais saborosa... Hoje nem
podemos mais pensar nessas iguarias, aumentam o colesterol...mas
engraçado...meus avós viveram mais de 90 anos e adoravam torresmo,
linguiça, chouriço...
Não existia a Declaração dos
Direitos Humanos nem o Estatuto da Criança e do Adolescente, mas havia
respeito, a família era uma instituição segura, a criança tinha um lar e
podia contar com a proteção de seus pais.
Os homens eram soberanos, em seus lares, as mulheres nasciam para gerar seus filhos e serem eternamente submissas a eles.
Casamento era para sempre,
"até que a morte os separe"!
Lembro-me
de minhas avós, de saias compridas, cabelos brancos, xale sobre os
ombros, eram velhinhas aos 50 anos ( esta é a parte ruim). Hoje
mulheres nessa idade são lindas, livres, realizadas! ( esta é a parte
boa!)
Houve uma verdadeira revolução de costumes, com a chegada da
pílula, com a internet, com a globalização. Houve a queda do muro de
Berlim! Enfim a tecnologia encurtou distâncias e ampliou horizontes...
A pílula deu a mulher o poder de planejar sua família.
Saiu de casa e foi à luta, ao lado do marido.
Passou a ser parte de uma grande maioria que sustenta seus lares, porque muitos maridos acabaram debandando.
Hoje é muito fácil a separação, difícil é o entendimento entre os casais.
O preço pago pela liberdade, no entanto, é muito alto! Nunca a mulher esteve tão exposta e sobrecarregada.
Em
minha época palhaços eram o Carequinha, o Arrelia, o Pimentinha...hoje
os palhaços somos nós, nas mãos desses bandidos que nós mesmos
escolhemos para nos representar.
Apossaram-se de nossas Instituições... instalaram-se numa cidade que não existia antigamente: BRASÍLIA.
Eu
nunca poderia imaginar que um dia teríamos um presidente semi
alfabetizado, que o nosso povo pudesse em sã consciência, votar em massa
em representantes como "aqueles" das últimas
eleições.
Sinceramente, estou perdida em meio a este caos que se tornou a nossa sociedade.
Ah,
se eu pudesse voltar aqueles tempos da pracinha de Lorena, onde o
romance invadia o ar! Voltar ao tempo das serenatas, lembro-me de uma
delas, feita sob um guarda- chuva:
"...um dia Gatinha Manhosa, eu prendo você no meu coração..." Tempo em que éramos felizes e não sabíamos.
Nossos dourados anos 60!
Velhos tempos, belos dias...