Vivo num pequeno sítio no interior de São Paulo..
Os dias passam tranquilos, com minhas flores e meus bichos.
Nesta convivência harmoniosa entre a natureza e seus seres, a vida segue seu curso. Muitas estórias tenho para contar .
Marcadores
Havíamos perdido uma cadelinha linda, Gaia. Ela era dócil e educada! Seu passatempo preferido era "pastorear" as galinhas com pintinhos. Quando se afastavam muito da casa, ela ia atrás deles e os trazia à porta da cozinha. Ali ficava a vigiá-los!
Precisamos sacrificá-la porque ficou muito doente, foi extremamente doloroso, principalmente para meu neto. Um vazio enorme ela deixou em nossos corações!
A belíssima e centenária Sapucaia, meu cartão postal |
Teríamos que ficar algum tempo sem ter cães por causa do risco de infectá-los com a doença..
No entanto, depois de alguns meses, algo aconteceu, como se fosse coincidência, para aliviar nossa saudade: o personal training de minha filha ofereceu-lhe um pastor australiano ( muito parecido com a Gaia ) que havia encontrado perdido na rua, Por pouco não teria sido atropelado,. Levou-o para casa, mas seus cachorros não o aceitaram.
Minha filha ficou encantada com sua beleza! Era realmente um belíssimo animal, mas mais uma vez foi uma grande confusão, o cão de sua amiga também não gostou do intruso!
Lançaram-se um contra o outro, ela desesperada tentou separá-los, mas teve a mão ferida, precisou ir para o pronto socorro.
Assim não tínhamos alternativa, levamos o pastor australiano para o sítio. Precisamos chamar nossa veterinária que aconselhou uma quarentena, num local mais afastado da propriedade. Depois de alguns dias pudemos integrá-lo à nossa rotina.
Demos a ele o nome Apolo. Parecia feliz, correndo pelo quintal, que ficou mais bonito com sua chegada.
Foi tudo muito bem até que veio a primeira tempestade! Apolo ficou desesperado., mas ao contrário de todos os cães que tivemos, ele corria enlouquecido pelos campos e morros atrás dos raios e trovões!
Era como se quisesse mordê-los!!
Pensei que deveria ter lhe dado outro nome, Thor!
Por mais que o chamasse, não adiantava, mais corria e se embrenhava no mato. Com o tempo me acostumei àquela loucura, afinal, sempre voltava ileso! Vinha cansado, todo sujo e cheio de carrapichos.
O pior é que não parou por ai, Ele começou a desaparecer. As vezes passava dias fora, voltava
exausto, faminto, imundo!
Seu pelo brilhante e sedoso parecia um pano de chão.
Meu neto dava-lhe banho, escovava, alimentava, mas logo tornava a desaparecer. Íamos procurá-lo, mas não o encontrávamos.
Até que um dia um fazendeiro vizinho, chamou em nossa porteira.
Apolo quando sumia estava lá, na fazenda dele, perseguindo galinhas e outras aves e o pior, suas vacas leiteiras, prejudicando sua produção.
Existe um respeito muito grande entre moradores da zona rural, tomamos o maior cuidado para não perturbar-nos uns aos outros e infelizmente havíamos falhado.
Tentei convencer meu neto a doá-lo, mas ele afeiçoado ao animal, resolveu tentar prende-lo, a princípio no canil, mas não se adaptou, fugia também de lá. Colocou um arame rente ao chão por onde deslizava uma corrente presa a sua coleira. Assim podia circular mais livremente. Construímos para ele uma casinha linda, espaçosa, de alvenaria. As crianças passeavam com ele e tínhamos a Sara, uma graça de pastora Mantiqueira que ainda vive conosco.
Apolo no entanto, sempre arranjava um jeito de escapar!
Até quando sumiu e não voltou mais!
Algum tempo depois o mesmo personal que o havia nos doado, disse a minha filha que viu numa rede social uma foto de um cão que se parecia muito com Apolo.
Mundo pequeno! Era ele mesmo, na garupa do cavalo de um frequentador da mesma academia deles. O sítio do rapaz ficava a mais de 15 quilometros do nosso! Soubemos que um tempo depois, também fugiu de lá.
Pela direção que tomou, talvez, seguindo o instinto, estivesse a procura de seu primeiro dono!
Aonde estará Apolo, o cão andarilho!?
"Cães têm uma forma de encontrar as pessoas que deles necessitam, preenchendo um vazio que nem sequer elas sabem que têm". ( Thom Jones).