Durante mais de dez anos, morei em Ubatuba, no Litoral Norte de SP e como toda minha família havia ficado no interior, quase todo final de semana viajava para visitá-la.
Preferia utilizar a Rodovia Oswaldo Cruz. Percorria com muita tranquilidade e prazer aquele caminho maravilhoso, apesar do enorme perigo representado pelo seu péssimo estado de conservação naquela época, pelas curvas - verdadeiros cotovelos- e pelos abismos imensos.
Conheço cada palmo daquela rodovia, posso assim dizer, por causa das incontáveis viagens e situações complicadas que ali vivenciei.
A estrada está implantada no seio da Mata Atlântica, Área de Preservação Ambiental - APA - região da Serra do Mar, onde predominam imensos manacás -da-serra que ao florescerem, enchem nossos olhos de tonalidades e matizes, em verde, branco, rosa e lilás. Não é raro vermos passar à frente de nosso veículo um animalzinho apressado. Ouve-se o canto dos pássaros apesar do ruído do motor. O perfume e frescor do ar, dão leveza à alma da gente!
A neblina e a chuva são constantes, provocadas pela grande evaporação da Mata e pela proximidade do mar, por isso Ubatuba é conhecida como Ubachuva.
Muitos momentos difíceis passei ali por causa desses fenomenos, mas mesmo assim eu amo aquela serra!
Como queria aproveitar a companhia de meus pais e meus filhos, acabava pegando a estrada à tarde e quando chegava à serra estava anoitecendo.
Numa dessas viagens, atrasei-me e encontrei uma neblina muito densa, mais que o habitual. Diminui a velocidade e fui tentando me orientar. Estava visivelmente desnorteada quando um carro branco me ultrapassou, entrou à minha frente, ligou o pisca-alerta e foi me guiando enquanto durou a neblina. Já no final da serra, deu-me passagem.
Surpresa, fiz um gesto de agradecimento e segui, também agradecendo a Deus pela providencial ajuda.
Quem seria aquele motorista?
Um viajante solidário que percebera a minha insegurança ou um Anjo que veio em meu socorro?
Nunca pude saber! O fato é que não o vi mais na estrada. Desapareceu!
Numa outra vez, também na volta para Ubatuba, aconteceu algo bem semelhante.
Chovia muito e a neblina intensa como sempre, foi me deixando apreensiva, amedrontada. Já não enxergava mais nada! Comecei a rezar!
Sem possibilidade de estacionar, porque não havia acostamento, e também porque a estrada deserta me apavorava, continuei a viagem às cegas. O belo caminho transformara-se num cenário de filme de horror!
A criança adormecida dentro de mim despertou!
Via em lugar dos maravilhosos manacas vultos fantasmagóricos, com seus braços descarnados estendidos em minha direção, temia que algum animal selvagem invadisse a pista, ou almas penadas surgissem a qualquer momento para me assombrar. Foram tantos os pensamentos terríveis! Chamava angustiada meus Anjos e todos os meus santos!...
Estava completamente perdida no meio daquele nevoeiro... de repente, senti que o carro derrapava na pista molhada e que a traseira se chocava com alguma coisa. Horrorizada, pensei que iria cair num daqueles abismos, mas por sorte, havia batido num barranco.
Neste mesmo instante passava um automóvel, lembrei-me do que acontecera na outra vez e instintivamente decidi segui-lo.
Sentia que o carro estava pesado. Atribui a isso a batida no barranco e continuei acompanhando com dificuldade o outro motorista até que ele desapareceu na escuridão.
Desta vez não era um anjo!
Decepcionada, não tinha alternativa, precisava seguir, só não sabia onde iria parar.
Não sei por quanto tempo durou aquela angústia!
Nada mais me parecia real, tentava me manter atenta a qualquer eventualidade. Esperava que de um momento para outro pudesse acontecer algo pior.
Minha cabeça doía, meu corpo tremia de frio e de aflição!
Foi então que um pensamento terrível me ocorreu: talvez na batida eu tivesse morrido e minha alma ainda estivesse vagando, perdida naquele lugar deserto. Quase entrei em pânico!
Aquela agonia prolongou-se ainda por muito tempo! Os fantasmas teimavam em povoar minha imaginação! Estava à beira de uma crise de nervos!
Prometia a mim mesma que nunca mais me envolveria em tal situação se conseguisse escapar.
E o tempo continuava passando lentamente! Parecia-me uma eternidade!
Estava no auge do meu desespero quando vi uma placa à beira da estrada, envolta na neblina:
Percebi neste momento que ao bater, o carro dera meia volta e ao invés de descer a serra, eu havia subido!! Estava chegando à São Luís do Paraitinga!!!!
O pior é que teria que percorrer o caminho todo de novo, isto é, enfrentar a neblina novamente por vários quilometros!
Bem, pelo menos eu estava viva, não era uma alma penada. Feliz, enchi-me de coragem e retomei o meu caminho!
Preferia utilizar a Rodovia Oswaldo Cruz. Percorria com muita tranquilidade e prazer aquele caminho maravilhoso, apesar do enorme perigo representado pelo seu péssimo estado de conservação naquela época, pelas curvas - verdadeiros cotovelos- e pelos abismos imensos.
Conheço cada palmo daquela rodovia, posso assim dizer, por causa das incontáveis viagens e situações complicadas que ali vivenciei.
A estrada está implantada no seio da Mata Atlântica, Área de Preservação Ambiental - APA - região da Serra do Mar, onde predominam imensos manacás -da-serra que ao florescerem, enchem nossos olhos de tonalidades e matizes, em verde, branco, rosa e lilás. Não é raro vermos passar à frente de nosso veículo um animalzinho apressado. Ouve-se o canto dos pássaros apesar do ruído do motor. O perfume e frescor do ar, dão leveza à alma da gente!
A neblina e a chuva são constantes, provocadas pela grande evaporação da Mata e pela proximidade do mar, por isso Ubatuba é conhecida como Ubachuva.
Muitos momentos difíceis passei ali por causa desses fenomenos, mas mesmo assim eu amo aquela serra!
Como queria aproveitar a companhia de meus pais e meus filhos, acabava pegando a estrada à tarde e quando chegava à serra estava anoitecendo.
Numa dessas viagens, atrasei-me e encontrei uma neblina muito densa, mais que o habitual. Diminui a velocidade e fui tentando me orientar. Estava visivelmente desnorteada quando um carro branco me ultrapassou, entrou à minha frente, ligou o pisca-alerta e foi me guiando enquanto durou a neblina. Já no final da serra, deu-me passagem.
Surpresa, fiz um gesto de agradecimento e segui, também agradecendo a Deus pela providencial ajuda.
Quem seria aquele motorista?
Um viajante solidário que percebera a minha insegurança ou um Anjo que veio em meu socorro?
Nunca pude saber! O fato é que não o vi mais na estrada. Desapareceu!
Numa outra vez, também na volta para Ubatuba, aconteceu algo bem semelhante.
Chovia muito e a neblina intensa como sempre, foi me deixando apreensiva, amedrontada. Já não enxergava mais nada! Comecei a rezar!
Sem possibilidade de estacionar, porque não havia acostamento, e também porque a estrada deserta me apavorava, continuei a viagem às cegas. O belo caminho transformara-se num cenário de filme de horror!
A criança adormecida dentro de mim despertou!
Via em lugar dos maravilhosos manacas vultos fantasmagóricos, com seus braços descarnados estendidos em minha direção, temia que algum animal selvagem invadisse a pista, ou almas penadas surgissem a qualquer momento para me assombrar. Foram tantos os pensamentos terríveis! Chamava angustiada meus Anjos e todos os meus santos!...
Estava completamente perdida no meio daquele nevoeiro... de repente, senti que o carro derrapava na pista molhada e que a traseira se chocava com alguma coisa. Horrorizada, pensei que iria cair num daqueles abismos, mas por sorte, havia batido num barranco.
Neste mesmo instante passava um automóvel, lembrei-me do que acontecera na outra vez e instintivamente decidi segui-lo.
Sentia que o carro estava pesado. Atribui a isso a batida no barranco e continuei acompanhando com dificuldade o outro motorista até que ele desapareceu na escuridão.
Desta vez não era um anjo!
Decepcionada, não tinha alternativa, precisava seguir, só não sabia onde iria parar.
Não sei por quanto tempo durou aquela angústia!
Nada mais me parecia real, tentava me manter atenta a qualquer eventualidade. Esperava que de um momento para outro pudesse acontecer algo pior.
Minha cabeça doía, meu corpo tremia de frio e de aflição!
Foi então que um pensamento terrível me ocorreu: talvez na batida eu tivesse morrido e minha alma ainda estivesse vagando, perdida naquele lugar deserto. Quase entrei em pânico!
Aquela agonia prolongou-se ainda por muito tempo! Os fantasmas teimavam em povoar minha imaginação! Estava à beira de uma crise de nervos!
Prometia a mim mesma que nunca mais me envolveria em tal situação se conseguisse escapar.
E o tempo continuava passando lentamente! Parecia-me uma eternidade!
Estava no auge do meu desespero quando vi uma placa à beira da estrada, envolta na neblina:
Percebi neste momento que ao bater, o carro dera meia volta e ao invés de descer a serra, eu havia subido!! Estava chegando à São Luís do Paraitinga!!!!
O pior é que teria que percorrer o caminho todo de novo, isto é, enfrentar a neblina novamente por vários quilometros!
Bem, pelo menos eu estava viva, não era uma alma penada. Feliz, enchi-me de coragem e retomei o meu caminho!
É na adversidade que aflora nossa valentia!
ResponderExcluirOu seja: nos piores momentos da nossa vida, descobrimos um herói dentro de nós! Boa semana!