domingo, 14 de dezembro de 2014

Velhos Tempos, Belos Dias



Nasci no final da década de 40.
Assusto-me com a brutal diferença entre os conceitos e costumes que eram adquiridos em minha época e os que existem agora!
A televisão tem apenas 50 anos, eu já era adolescente quando papai comprou o nosso primeiro televisor, em preto e branco.

No início havia na programação, alguma preocupação com o telespectador, que se baseava no respeito e na ética social.
Hoje observamos  que depois de todos os avanços tecnológicos alcançados,  a TV nos  apresenta uma triste realidade, com total  exploração do sensacionalismo, uma verdadeira vitrine de ofertas comerciais e a vergonhosa manipulação das massas.

Nossa juventude apesar de alegre e despreocupada, possuía um sentimento profundo de amor pelo nosso país. Tínhamos ideais, aspirações, fazíamos planos para o futuro...
Foram os jovens da minha geração  que saíram as ruas clamando por liberdade, por democracia, embora tenham caído no grande engodo que foi o marxismo.
Hoje vejo a maioria de nossos jovens sem objetivos, abandonados à própria sorte, sem rumo, violentos, drogados...

Até as coisas mais simples do cotidiano trazem saudades.

Não tínhamos fogão a gás e nem geladeira. Mas o calorzinho do fogão de lenha era aconchegante nas noites de inverno,... Ah!  os "causos", contados ao seu redor...!!
A carne guardada em grandes caldeirões, imersa na gordura de porco, era divina!
A manteiga, conservada em água e sal, parecia mais saborosa... Hoje nem podemos mais pensar nessas iguarias, aumentam o colesterol...mas engraçado...meus avós viveram mais de 90 anos e adoravam torresmo, linguiça, chouriço...

Não existia a Declaração dos Direitos Humanos nem o Estatuto da Criança e do Adolescente, mas havia respeito, a família era uma instituição segura,  a criança tinha um lar e podia contar com a proteção de seus pais.

Os homens eram soberanos, em seus lares, as mulheres nasciam para gerar seus filhos e serem eternamente submissas a eles.
Casamento era para sempre, "até que a morte os separe"!

Lembro-me de minhas avós,  de saias compridas, cabelos brancos, xale sobre os ombros, eram velhinhas aos 50 anos  ( esta é a parte ruim). Hoje mulheres nessa idade são lindas, livres, realizadas! ( esta é a parte boa!)
Houve uma verdadeira revolução de costumes, com a chegada da pílula, com a internet, com a globalização. Houve a queda do muro de Berlim!  Enfim a tecnologia encurtou distâncias e ampliou horizontes...


  A pílula deu a mulher o poder de planejar sua família.
Saiu de casa e foi à luta, ao lado do marido.

Passou a ser parte de uma grande maioria que sustenta seus lares, porque muitos maridos acabaram debandando.
Hoje é muito fácil a separação, difícil é o entendimento entre os casais.





O preço pago pela  liberdade, no entanto, é muito alto!  Nunca a mulher esteve tão  exposta e sobrecarregada.









Em minha época palhaços eram o Carequinha, o Arrelia, o Pimentinha...hoje os palhaços somos nós, nas mãos desses bandidos que nós mesmos escolhemos para nos representar.


Apossaram-se de nossas Instituições... instalaram-se numa cidade que não existia antigamente: BRASÍLIA.


Eu nunca poderia imaginar que um dia teríamos um presidente semi alfabetizado, que o nosso povo pudesse em sã consciência, votar em massa em representantes como "aqueles" das últimas
 eleições.

Sinceramente, estou perdida  em meio a este caos que se tornou a nossa sociedade.




Ah, se eu pudesse voltar aqueles tempos da pracinha de Lorena, onde o romance invadia o ar!  Voltar ao tempo das serenatas, lembro-me de uma delas, feita  sob um guarda- chuva:  "...um dia Gatinha Manhosa, eu prendo você no meu coração..."   Tempo em que éramos felizes e não sabíamos.


Nossos dourados anos 60!
Velhos  tempos, belos dias...


6 comentários:

  1. Éramos felizes e não o reconhecíamos. Vinte anos em Angola sem TV mas com um aquário com plantas vivas e peixes que apanhávamos no rio. Tinha 22 anos quando fui a praia pela primeira vez. Por sorte, continuo feliz. Seja feliz também, esse é o meu voto.
    Bj

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    1. Linda história de vida!
      Encantei-me com suas imagens e escrita fluente!
      Obrigada pela visita, pelo comentário e votos de felicidade, apesar da situação complicada em meu país, ainda consigo estar em paz interiormente, posso dizer que sou até feliz, como vc diz, por sorte!
      Bom ter vc aqui! Bj

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  2. Oi, Sidnéa!
    Não gosto de comparar épocas, porque a nossa memória é algo que seleciona o que queremos lembrar. Se o presente está ruim, lembramos das coisas boas do passado e se o presente está bom, lembramos do tanto que era sofrido outrora. Não é questão de humor. Por exemplo: Fiz um pintado assado no outro dia e a família gostou, pediu bis, mas eu... Não me lembro mais como fiz o pintado - Lembro de comê-lo simplesmente.
    A minha mãe não gostava de TV, dizia que era uma fábrica de doidos. Tanto ela disse, que já escrevi um texto com o título "Nascida sob o signo dos doidos". A revolução que a tv trouxe para as donas de casa e consequentemente para quem conviveu com elas no passado, sabe que até mesmo a Igreja, em sua Carta Apostólica que nomeava Santa Clara a padroeira da televisão justificava a escolha com os dizeres "Para que essa invenção seja protegida por uma direção divina, para evitar males e promover o seu uso correto".
    Como não evoluí um hábito de assistir tv, noutro dia eu estava muito estressada e fui ao médico, na tentativa de aumentar a minha carga de sono para 6 hs. já que durmo apenas a metade por noite. Ele perguntou se eu assistia novelas... e ainda completou: Precisamos olhar para o vazio algumas horas por dia. Ainda tenho dúvidas se ele estava falando sério.
    O que vejo atualmente é a TV correndo atrás do que a internet tem representado para as pessoas. Nesse mundo imediatista, as pessoas procuram somente pelo prazer e têm muita dificuldade em lidar com problemas. Nossos avós viviam muito; eles caminhavam todos os dias... O meu avó morreu com 76anos. Após findar a colheita, recostou-se em um saco de feijão para tirar uma soneca e dormiu para sempre. Sua diversão era o trabalho e pelo que consta, também era a diversão da minha avó. Sinceramente, não sei se antigamente as pessoas viviam melhor!
    Boas festas para você e seus amadinhos!

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    1. Luma, minha querida
      tentei postar resposta ao seu comentário por diversas vezes, estava usando o Firefox no CP novo que, segundo o Vitorio, não é navegador de blogueiro...rs...Obrigada pelo comentário, quanto ao seu médico, creio que esteja lhe aconselhando a praticar Yoga...rs...olhe, não é má ideia. Passei mts anos sofrendo de insônia, num extress que me levou à depressão. Hoje faço Yôga dois dias por semana e durmo super bem fica aqui a dica....rs
      Amiga, quero lhe desejar um Ano Novo repleto de Felicidade, obrigada pelo seu carinho e pela força no livrinho da Milena Gd beijo

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  3. Sidnéia, a tua indignação não é exceção, estamos todos às raias da desilusão provocada pela decepção de não termos mais os velhos tempos, tempos nos quais a dignidade e a honradez imperavam. Tua cronica é de "tirar o chapéu", parabéns pelo texto de tão expressiva postagem.
    E, independente das lamentáveis coisas que ora vivemos e bem indicaste, tenhas um Feliz Natal.

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    1. Meu querido amigo, qd eu era criança, ouvia meus pais e meus avós dizerem " no meu tempo...", eu achava engraçado, coisa de gente velha... Hoje chegou a minha vez...Ah, que saudade dos meus dourados anos de juventude qd eu não me preocupava com a podridão da política, tinha proteção e aconchego no meu lar...( lar... também é uma palavra que cai em desuso), tinha uma boa escola publica, onde aprendi além de tudo a amar o meu País...É meu amigo, eram realmente belos dias...
      Um maravilhoso Natal, um Feliz Ano Novo, cheinho de realizações, para vc e sua Família. Um grande abraço.

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