Nossa percepção não nos mostra o verdadeiro real, ela tem uma função pragmática, apenas percebemos o mundo para agir sobre ele e não para conhecê-lo, está estruturada para nos mostrar do real apenas o que interessa à vida prática.
Não percebemos o tempo e o movimento, mas sim o ponto em que se divide uma trajetória e posições que os objetos ocupam no tempo. Esse entretempo é percebido pelo artista. A obra de arte nos proporciona um excedente de percepção e compreensão sobre o mundo e sobre nós mesmos
Não percebemos o passar do tempo, assim como não percebemos o mover-se. O que percebemos do tempo são instantes que se sucedem, percebemos apenas o antes e o depois, e não o processo pelo qual o objeto se move e muda, transformando-se em seu evoluir temporal. E é esta a caracteristica mais profunda da realidade.
Não percebemos os aspectos do real que não interessam a nossa prática, simplesmente porque não prestamos atenção a eles. A atenção é um mecanismo seletor da percepção, é ela que nos leva a ver apenas o que satisfaz nossas expectativas de ação sobre o mundo. A atenção delimita o mundo real.
Não há possibilidade de perceber o Tempo, a não ser através da realidade que é o continuo ato de transformar-se!
Somos marionetes do Tempo. Vivemos ignorando a temporalidade, como se nosso Eu pudesse se firmar na transitoriedade, mas só o que realmente dura é o próprio Tempo, todas as coisas são efêmeras.
Imersos nas sombras do passado e envolvidos pelo fascínio do futuro, esquecemos de viver o momento que é único. O Tempo não passa, nós passamos pelo Tempo!
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